A chegada da urna eletrônica, em 1996, e a implementação do voto biométrico, em 2010, revolucionaram as eleições brasileiras, que são consideradas as mais modernas do mundo. Para se ter uma ideia do sucesso do sistema eleitoral brasileiro, 24 países mandarão observadores para acompanhar o pleito.
Neste domingo, quando os brasileiros elegem o seu sétimo presidente após a redemocratização, além de senadores, governadores e deputados estaduais e federais, a sociedade dará mais um passo em direção à modernização do voto. Ao menos 22 milhões de pessoas votarão pelo sistema que identifica o eleitor a partir da impressão digital. O número corresponde a cerca de 6% dos cerca de 140 milhões de eleitores do país. A meta da Justiça Eleitoral é disponibilizar o novo sistema em todo o país somente em 2018.
Na região de cobertura do Diário, 15 cidades vão utilizar a tecnologia pela primeira vez (confira a lista abaixo). Apesar da novidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não dispensou o eleitor de levar o título e um documento com foto, mesmo nas localidades onde a votação será por meio da urna biométrica.
A novidade pode repercutir em uma demora um pouco maior por parte do eleitor que estreia a biometria. Já no sistema tradicional de votação, pelas estimativas do TSE, os eleitores devem levar, em média, pouco menos de 1 minuto e 14 segundos para votar na urna eletrônica. O cálculo é feito com base no tempo que o eleitor levou, nas eleições de 2010, para se identificar perante o mesário, ir à urna e confirmar o último voto.
Mais segurança e agilidade
A tecnologia do voto biométrico, assim como a urna eletrônica, foi pensada com o objetivo de dar mais segurança e agilidade ao processo eleitoral. Segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Ayres Britto, é um sistema praticamente impossível de ser fraudado.
- A identificação biométrica do eleitor imprime um grau de segurança. A urna eletrônica sem biometria não impede que alguém se aproprie de um título de eleitor alheio. Isso é muito difícil de acontecer, mas não é impossível. Na urna biométrica, fica impossível alguém votar por outra pessoa - disse o magistrado em recente entrevista.
Revolução pela frente
Para o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), a biometria pode revolucionar ainda mais o sistema de votação do Brasil.
- Uma das possibilidades que a biometria traz é a reorganização de todo o sistema de votação, com a eliminação da necessidade de os eleitores comparecerem a zonas e seções eleitorais específicas. Com a biometria, você pode votar em qualquer lugar, porque haverá um banco de dados disponível em todos os lugares - sugere o pesquisador.
Região terá 40,2 mil votantes no novo sistema
Neste domingo, 15 cidades da região vão estrear na votação biométrica. No total, 40,2 mil eleitores desses municípios, que foram recadastrados anteriormente pela Justiça Eleitoral, estão aptos a votar nessa modalidade. É o caso de Itaara, que soma 3.406 eleitores. Assim como ocorreu em outros municípios que terão esse modelo, o número de eleitores diminuiu após o recadastramento. Em 2012, Itaara tinha 4,3 mil eleitores, 21% a mais do que a quantidade atual.
A Justiça Eleitoral explica ser normal a diferença de até 20% entre o número de eleitores inscritos na última eleição e aqueles que se apresentaram para revalidar o título. Um dos principais motivos apontados são os idosos com mais de 70 anos, que passam a ter voto facultativo e optam por não revalidar o documento. Outra condição que colabora para esse percentual são aqueles eleitores que se mudaram de domicílio eleitoral.
O taxista José Grazzioli, 53 anos, de Itaara, acredita que a votação biométrica vai facilitar a vida dos eleitores.
- Creio que também é mais seguro. Não tem como outra pessoa votar no meu lugar"